Polêmica: a direção das lombadas

21:07


Eu sei o que você está pensando.
"O blog mal começou e o cara já tá se queimando desse jeito? Falando de um assunto tão delicado, que afeta tantas pessoas e que, em feiras de livro e eventos da área, mal é comentado, devido à sua carga emocional e profundidade?"
Sim, eu sei que é difícil.
Mas... precisamos falar de lombadas.

Calma!
Coloca esse atiçador de fogo de volta na lareira. Com cuidado. Devagar...
Pronto. Inspira, expira. Inspira, expira. Isso.
É melhor que você se sente, antes de eu continuar.
*movimentação*
Certo. Certo. Você quer um copo d'água?
*silêncio breve*
Tudo bem, podemos continuar assim. Acha que vai ficar bem?
Ok. Sim. Ótimo. Vamos lá, então.
Bom, como eu ia dizendo, precisamos falar de lombadas. Às vezes eu fico pensando em coisas sérias desse tipo: o sentido da vida, de onde viemos, para onde vamos, qual é a melhor maneira de posicionar o texto na lombada de um livro, etc.
Em um extenso estudo de 15 minutos, reuni alguns poucos livros aqui no meu quarto. Um deles é "Nós, os deuses", de Bernard Werber, que estou lendo atualmente. Outro, "Belleville", de Felipe Colbert, que pretendo ler em breve. O terceiro, "Soberana - A ascensão da rainha de Marte", de Kássia Monteiro, que também pretendo ler em breve. Segue uma foto.


Através de uma metodologia avançada, que utiliza a semiologia e percepção de consumo baseadas na ótica simples, identifiquei um padrão nas lombadas desses três livros. Sua orientação segue a lógica de que serão visíveis e completamente legíveis quando o livro estiver pousado com a capa para cima.
Essa é uma lógica utilizada em livros desde a pré-história. Temos evidências científicas de que os neandertais já produziam seus livros de pedra com lombadas orientadas dessa maneira. Elas foram feitas para que o leitor siga a forma de leitura tradicional: de cima para baixo, quando o livro está em pé.
Ok. Tranquilo.
Agora, analisemos o quarto livro que separei.
E logo qual.
LOGO QUAL!


Trata-se de "Agora eu Morro", de Fabio Brust (este que vos escreve).
Podemos ver nitidamente que há algo que foge do padrão estabelecido, que sai pela tangente no que diz respeito às questões históricas de formulação de lombada.
Por falta de outra expressão que cunhe de maneira mais precisa o que é meu dever informar:
A lombada tá de cabeça para baixo!
"Não, 'cabeça para baixo' é apenas uma questão de ponto de vista; se você estivesse no espaço, sem um ponto de referência, qualquer lado poderia ser o de cima ou o de-"
BOBAGEM!
Não me venha com suas desculpas e mentiras!
*dedo em riste à frente, apontando para a cara do oponente*
Não estamos no espaço!
E quem em sã consciência iria colocar um livro com a capa virada para baixo?
Claro, tudo bem. Pode ser que algum oriental apareça na livraria e se sinta mais à vontade lendo o texto da lombada de baixo para cima. Sim, isso é evidente. Claro. Você tem razão.
Mas e quanto a todos os cidadãos ocidentais que querem ler a lombada de cima para baixo?
O que acontece com eles?
E se a pessoa quiser expor "Agora eu Morro" em uma bancada, sobre uma armação de aço escovado, devido à sua enorme qualidade literária... o que acontece? A pessoa deixa a capa para cima, mas se quem estiver olhando quiser ler a lombada, vai ter que ficar de ponta-cabeça? É isso?
*suspiro profundo*
Claro, claro.
Sim, isso é só uma hipótese. Não tô falando que alguém vá realmente fazer isso.
Mas e se fizesse?
Bom, para deixar a questão o mais imparcial possível, segue outra foto.


Aqui podemos comparar a execução da lombada de um livro impresso e de um e-book.
Nesse caso, estamos utilizando "Agora eu Morro" e um Kindle.
Como vocês podem notar, analisar a lombada de um e-book não faz sentido algum, o que nos limita às opções anteriores.
Eu declaro que a vencedora desse duelo de lombadas é, sem sombra de dúvidas, a lombada "com a capa para cima"!
*comentário dito em voz baixa*
"O Senhor dos Anéis"? Aquela edição volume único?
*outras palavras são trocadas*
Bem, você tem um ponto...
Declaro que a lombada vencedora é a de "orientação natural na estante"!


Nada mais óbvio do que escrever o texto da lombada na horizontal, certo?
Ótimo.
A partir de hoje, ninguém mais fala desse assunto.
*aperto de mãos*
Agora, sobre usar a orelha como marca-página...

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Essa bobagem foi escrita pelo Fabio

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4 comentários

  1. Bom dia!
    Seu post é de 2015, mas só hoje estou lendo. Quase tudo do que você falou eu penso ao contrário sobre as lombadas. Com exceção da sua pesquisa histórica sobre os neandertais.
    Estou defendendo em meu TCC de pós-graduação em Gestão de Bibliotecas Públicas, o uso do Modelo de Lombada Europeu (a que você diz estar de cabeça para baixo),a que está no seu livro Agora eu Morro - em pé nas prateleiras das bibliotecas públicas. Por ser a nossa origem da colonização. E para acabar com a desorganização que se encontram as prateleiras das bibliotecas - onde os livros são posicionados pela capa e não pela lombada, ora está no modelo europeu e ora está no modelo americano (a que você prefere). O que dificulta a busca do livro e causa desconforto ao leitor.
    Gostaria de ter acesso à sua pesquisa, pois não estou encontrando nada 'científico'. A ABNT orienta as editoras que adotem o modelo americano, mas nem todas preferem esse modelo, no casso da sua por exemplo.Não há discussão entre os bibliotecários ou biblioteconomistas.
    Att
    Ronilce de Sá

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    1. Olá, Ronilce!
      Fico muito feliz em ter recebido seu comentário, mas receio que você não tenha entendido o teor do post, hehe. Trata-se mais de uma tentativa besta de falar desse assunto com humor, já que nunca fiz nenhuma pesquisa a respeito, pelo menos nenhuma realmente científica e com valor. Como este blog é apenas um passatempo, espero que entenda que o texto não deve ser levado a sério.
      Agora, sobre as lombadas e o modelo europeu ou americano, posso dizer que não tinha conhecimento de haver um nome para os diferentes tipos! Mas, quanto à minha experiência pessoal trabalhando em uma editora portuguesa, vou ter de admitir que eles usam o modelo americano, ironicamente :P
      Abraço!

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  2. Vide Regras ABNT 12225 e 6029. Não tem dúvidas. Quem faz diferente faz errado, haja vista que temos um padrão brasileiro.

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    1. Olá, Karina!
      Quando escrevi esse post, estava mais fazendo uma brincadeira no blog novo do que realmente falando alguma coisa a sério. Pessoalmente minha preferência é pelo modelo americano, o recomendado pela ABNT, segundo a Ronilce aqui em cima :)
      Abraço!

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