Crítica de Jogos Vorazes: A Esperança - O Final

22:46


Essa crítica vai ser apresentada em conjunto pelo Fabio e pela Ina, porque nós assistimos ao filme juntos! Foi na estreia, quarta-feira.

FABIO: Talvez tenha sido o hype excessivo. Talvez tenha sido o fato de, pela primeira vez na vida, eu ter decidido assistir um filme na estreia. Quem sabe seja a minha crescente excitação e antecipação pelo filme. Na verdade, não importa muito o motivo que me envolve: “Jogos Vorazes: A Esperança - O Final” simplesmente não me empolgou como eu esperava que empolgasse.

INARI: Todo o espetáculo que foi criado em cima do filme e todas as peças midiáticas acabaram colocando as pessoas em uma posição de muita expectativa em relação ao resultado de toda a produção. Isso, por um lado, impõe uma responsabilidade maior no teor do filme e em sua apresentação. Ou, de repente, tenha sido só a minha expectativa, pois gostei imensamente dos filmes anteriores. E eu, inclusive, vinha me preparando psicologicamente para esse dia, evitando de ler o livro antes do filme.

FABIO: Pessoalmente, o melhor filme, pra mim, foi o primeiro. Toda a atmosfera dele era diferente. Tem gente que reclamou da câmera na mão, mas eu gostei. Os efeitos também eram mais primitivos, mas eram eficientes. A história foi bem contada, com a tensão necessária para deixar o espectador tentando adivinhar, sem sucesso, o que viria a seguir. O segundo filme melhorou, é verdade, mas ficou um pouco exagerado (principalmente no marketing). Quando decidiram dividir o terceiro livro em dois, fiquei com um pé atrás. Mas, como a primeira parte deu bastante certo (gostei bastante, até!), achei que eles tinham tudo para acertar na segunda.


INARI: Já eu adorei o terceiro filme, como adorei todos os anteriores também. Achei os efeitos e tudo o mais na medida certa. Mas, de novo, eles fizeram o público criar uma expectativa maior ainda sobre o que aconteceria no final. Eu realmente fiquei apreensiva e sofri com as personagens nesses anos, por isso imaginava que o final seria “digno de Oscar”, já que tudo vinha preparando pra isso. O que realmente deixou a desejar foi a intensidade do filme, ou a falta dela. Eu senti como se não tivesse assistido aos Jogos Vorazes. Imaginava sempre que esse último seria de arrancar os cabelos devido à carga temática que ele trazia desde o primeiro. Afinal, participar de duas chacinas, durante dois anos consecutivos, e ainda ter de enfrentar a capital, um governo totalitário e tão poderoso quanto o de Snow, me parecia um enredo bastante promissor. E confesso que foi, até esse último filme acabar um pouco com essa “magia”.

FABIO: Todos os filmes anteriores podiam ser separados em duas metades. A primeira metade é mais lenta, de explicações e firulas e desfiles e tudo o mais. A segunda, de partir para a ação e mostrar realmente que as coisas não são tão bonitas assim. Era o que eu esperava do quarto filme. E até certo ponto, ele me ofereceu isso. Ele começa lento, a partir do mesmo momento em que terminou o terceiro, para crescer em intensidade. [SPOILER] Quando os personagens se encontram no subsolo da Capital, procurando uma forma de entrar na mansão do presidente Snow e matá-lo, e são perseguidos por bestantes: essa é a melhor cena do filme. Ela praticamente grita: “ESSE FILME É DEMAIS! VOCÊ MAL PODE ESPERAR PELO QUE VEM EM SEGUIDA!”. [FIM DOS SPOILERS] Fiquei com a sensação de que ia gostar da segunda metade. Mas, a partir dessa cena, o filme parece mudar um pouco de teor.

INARI: O que me pareceu, sobre o filme todo, foi que todos imaginavam que o jogo estava ganho, já que a franquia chegou ao fim com ótimas bilheterias, o que fez com que os produtores se deixassem levar um pouco por isso, tornando o último filme o mais “parado” da série. Sim, os atores continuam ótimos e a produção está ótima também, mas, como já mencionei, a intensidade com que o filme foi filmado e concebido nos faz pensar que o último livro poderia ter resultado em apenas um filme, com uma qualidade maior e com cenas mais bem elaboradas, tornando-o um longa merecedor de “Uaus” e finalizado a franquia com chave de ouro.



FABIO: O que mais me incomodou nesse quarto filme, além do fato de eu concordar com a Ina, achando que um filme incrível substituiria perfeitamente dois filmes bons, foi o teor. Não sei se foi a sala de cinema em que estávamos, mas o público passou o filme inteiro rindo. O que não é nem um pouco aceitável para uma distopia com um tema tão profundo e complexo quanto “Jogos Vorazes”. Há muitos alívios cômicos para tentar torná-lo mais raso, e aparentemente os produtores conseguiram. Porque incrivelmente as pessoas ao nosso redor riram em uma das cenas que deveria ser das mais dramáticas. O que significa que realmente eles erraram a mão na hora de decidir como deveriam abordá-lo. A perspectiva é esquisitamente otimista, sendo que, como a ótima distopia que é, o filme deveria ter, o tempo inteiro, o peso do que trata e o pessimismo com que o livro é levado até o final.

INARI: Inclusa nessa questão da tentativa de amenizar o peso da distopia, entra mais uma questão que eu pensei bastante e concluí ser uma justificativa para esse “equívoco”: os diretores e produtores decidiram que seria a hora de tornar o final o mais vendável possível. O livro, afinal, já estava lá com o final tenso e cheio de significado, então adaptar o filme para algo que seria possível ser visto por pessoas de qualquer idade, sem que fosse impactante demais, foi a escolha mais óbvia. Infelizmente, atualmente, as escolhas sempre são entre a semelhança com o livro e o que é bonito de se ver. Não que os filmes não tenham sido fiéis aos livros, pelo contrário, esse é o grande trunfo da série. Mas, nesse último, eles pecaram, talvez, por achar que seria a melhor escolha tirar o peso da conclusão que a própria Suzane Collins escreveu.

FABIO: Ainda que o final do livro seja extremamente rápido - e o filme acompanhe esse final corrido -, ele mantém o que queria dizer desde o começo. [SPOILER] Eu gosto muito da cena na qual Katniss enfim vai se vingar e assassinar Snow, além das reviravoltas envolvidas e sua reação para com a presidente Coin. É incrível como a autora fecha o arco da “Garota em Chamas” efetivamente colocando fogo na personagem principal. A mensagem é muito forte e presente: a guerra não leva a lugar nenhum, e todos saem perdendo. O final do livro é extremamente significativo. É agridoce, com um quê de resolução positiva, mas mantendo um ar pessimista, que reforça essa mensagem. O filme, entretanto… quem vê-lo vai entender facilmente o que eu quero dizer com o epílogo totalmente fora de tom, colorido e com uma esperança e otimismo que não encaixam em lugar nenhum. [FIM DOS SPOILERS]


INARI: Definitivamente esse não é o meu filme preferido da franquia, o que não significa que ele não seja bom. Enquanto filme, em sua singularidade, ele é uma ótima produção, com ótimos efeitos e que te deixam apreensivo. Mas, enquanto continuidade de uma série que acompanhamos durante anos, ele deixa um pouco a desejar. Mas, talvez, esse seja o preço a pagar toda vez que alguém resolve fazer uma adaptação de um livro para os cinemas: a fidelidade pode até existir, mas alguma coisa sempre vai ser transformada em algo que não desaponte nenhum tipo de público, o que pode deixar alguns detalhes importantes para trás nessa jornada. Nesse caso, infelizmente, essa escolha prejudicou o contexto de toda a distopia, mesmo com a presença de um elenco de qualidade e que deu vida a todos os personagens que conhecíamos apenas em nossa imaginação. De qualquer forma, ainda ficamos com aquela sensação de não querer que a série terminasse. Mas sabemos que outras virão, e que essa, de uma forma ou de outra, teve sua missão cumprida nesses 3 anos: mostrar ao grande público que assuntos mais sérios e de caráter político podem se transformar em objetos de reflexão.

FABIO:
De fato, “Jogos Vorazes” foi extremamente importante em todo o tempo em que esteve sendo propagandeada e antecipada, e continuará sendo importante. É uma ótima saga, com ótimos filmes. É uma pena que o último tenha sido tão fraco. O melhor mesmo seria poder dizer que a saga foi fechada com chave de ouro, mas, infelizmente, ela apenas terminou. Não da forma épica que eu esperava, mas… de qualquer forma, esse é o final, e ele não é ruim. Mas poderia ser muito melhor.








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Nota do Fabio: 3 de 5 estrelas
Nota da Inari: 3,5 de 5 estrelas

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3 comentários

  1. Ei Fabio e Inari,

    Eu assisti no sábado e concordo com muito do que vocês disseram. Não achei horrível, mas achei que faltou algo. Percebi isso das risadas, eu mesmo fiquei rindo em várias partes o que não combinava em anda com a tristeza que senti quando li o livro.
    A cena das bestantes foi realmente a melhor e a mais triste. Eu estava esperando sofrer na cena da Prim e nada, foi rápido, foi seco, foi tudo muito sem graça.
    Achei o epílogo bem tosco também rs.
    abs

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    1. Pois é! As risadas foram o que me deixaram mais incomodado. A cena que era pra ser a mais tensa e triste, com a Katniss confrontando o gato, foi repleta de risadas - e eu com uma cara de tacho, tentando entender por que diabos as pessoas tavam rindo. Realmente o livro tem bem mais peso e é mais complexo. Uma pena! Vi uma notícia de que o diretor queria ter feito o filme mais longo e complexo, mas tiveram que cortar. Vai saber... abraços, e obrigado pelo comentário! :D

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  2. Nossa, cinco meses depois da estreia desse filme e eu finalmente encontro alguém com quem eu concorde 100%.

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Skoob da Ina

Obrigado pela visita! :D